Quando estamos em casa, podemos nos dedicar a criar uma rotina mais suave para nós mesmos, aprender a desacelerar, rever escolhas, hábitos e prioridades. Precisamos da energia do ar e da luz para arejar as idéias e, mantendo as janelas abertas, podemos olhar para o céu, respirar fundo e abrir a janela que temos no meio do peito, deixando sair toda a opressão. Não importa se está chovendo, nem mesmo se há alguma vista – não enxergamos só com os olhos mas também com a mente. Como diz o ditado, a beleza está nos olhos de quem vê.
Assim como o dia começa quando acordamos, podemos começar a construir nosso ninho cuidando do espaço que nos embala todas as noites e onde abrimos os olhos todas as manhãs ...
Ter nossa própria casa é uma sorte e uma oportunidade de reencontrarmos a paz a que todos temos direito. Ao abrir a porta e entrar no espaço que nos é familiar, carregado com nossa energia, nosso cheiro, nossas escolhas, podemos encontrar refúgio e recobrar o equilíbrio soterrado pelo caos que se desenrola do lado de fora. O verdadeiro refúgio está no nosso coração, mas, quando perdemos o acesso, nossa casa pode funcionar como um mapa da mina, porque o ambiente que criamos é um reflexo de nós mesmos.
O estresse constante é o preço que pagamos pela vida urbana contemporânea, temperada pelas diferenças culturais, pela atmosfera de estímulo constante, pelo pluralismo de expressões ou simplesmente para ter acesso mais amplo a ensino, empregos e serviços...
As pessoas que voluntariamente resolvem simplificar a vida geralmente:
- limitam as posses materiais àquilo de que mais necessitam e gostam:- trabalham no que gostam;- encontram tempo para estar com a família e os amigos;- praticam atividades de lazer criativas;- buscam rotinas saudáveis de alimentação, exercícios e repouso;- têm conexão com a natureza;- comprometem-se com a comunidade em que vivem;- fazem práticas de crescimento pessoal como ioga ou meditação;- cultivam a espiritualidade;- têm conexão com o belo no ambiente em que vivem;- buscam uma relação consciente e confortável com o dinheiro;- procuram viver em harmonia com valores éticos e integridade.
Somos seres complexos. Nossos cinco sentidos sofisticados nos permitem esta no mundo de uma maneira única. O segredo do aconchego é satisfazer esses sentidos oferecendo a eles a maior gama possível de estímulos agradáveis. Isso varia enormemente de pessoa para pessoa, mas uma coisa é certa: existe uma mágica na beleza à qual todos somos receptivos.
Nosso banheiro não precisa ser um lugar apenas utilitário, neutro e asséptico, pode também ser visualmente agradável, alegre e convidativo.
Uma boa ducha promove uma sensação revigorante, enquanto o banho de banheira acalma.
Chuveirada fria é melhor ao acordar de manhã, e banheira morna, à noite, antes de ir dormir.
Colocar o que queremos no papel, na primeira ou na última folha da agenda, ou em algum bloco que esteja sempre à mão, para que possamos acrescentar ou, eventualmente riscar algo, por exemplo:
- livros que desejamos ler;
- filmes, shows, documentários que queremos ver;
- músicas que queremos ouvir;
- coisas para aprender;
- receitas que adoraríamos testas na cozinha;
- amigos com quem seria ótimo pôr o papo em dia pelo telefone;
- cartas ou cartões para escrever par pessoas queridas que estão longe;
- fotos para organizar.
Exercício budista: Sempre que algum dos nossos sentidos está soberano e focamos somente nele (em um lugar muito barulhento, por exemplo, a audição domina), devemos imediatamente abrir os outros quatro e diluir nossa atenção por cada um.
5 sentidos:
OLFATO (aromas)
- cheiros trazem memória.
- incensos, óleos essenciais.
VISÃO (cores)
- Cores tem significado.
- Aquilo que atrai os nossos sentidos é o que instintivamente sabemos que vai nos fazer sentir bem.
- Cuidado com os excessos.
AUDIÇÃO (sons)
- Quem mais escuta e que domina uma conversa, mas esse dom é uma raridade.
- Música, sinos de vento, som da água
É o silêncio que torna possível a auto-reflexão.
Para sermos felizes precisamos aprender a ficar sozinhos e em paz.
TATO (toque)
- Usar fibras naturais.
- A pele é o maior órgão humano e por isso o mais exposto.
PALADAR (sabores)
- O gosto está intimamente ligado ao olfato.
- Comida tem tudo a ver com amor e com relações afetivas.
- Cozinhar.
O espaço de uma casa tem de ser vivido por quem mora ali, e isso demanda tempo, não pode ser fabricado de uma hora para outra. Todos os que entram, saem, dormem, acorda, falam, andam, cantam, comem, brigam, riem, choram ou rezam deixam ali um pouco da própria energia, que vai se acomodando no ambiente e passando a vibrar de maneira única.
É a combinação de tempo, espaço, vida e amor que transforma um lugar qualquer em um lugar especial.
A nossa emoção responde ao ambiente que nos rodeia, nosso mundo interior se conecta com o exterior por meio dos nossos sentidos.
Tralha é um peso morto que nos custa caro em termos de espaço, finanças e paz de espírito.”
Leia este livro...O Prazer de Ficar em Casa... (Letícia Ferreira Braga, Ed. Casa da Palavra)